sábado, 23 de janeiro de 2010

O pai do burros


    Quem é que nunca passou por uma fase negra ou então sofreu uma queda vertiginosa? Bem, clichês a parte,  estou aqui em carne e osso para lhes apresentar o livro que vai fazer você mudar de idéia antes de soltar aquela frase-pronta que tanto adora.
    O jornalista Humberto Werneck lançou recentemente “O Pai Dos Burros: Dicionário de lugares-comuns e frases feitas” (Arquipélago Editorial, 208 páginas), onde catalogou 4.640 clichês ao longo do seus quarenta anos de profissão. Werneck não brinca em serviço e sempre que ouvia uma pérola, anotava num guardanapo. Ou melhor: pérola não, mas uma "antipérola", como ele prefere.

     No começo, conta, "não sabia o que fazer com semelhante cacacaria". Suas anotações eram banais, expressões repetitivas e palavras com prazo de validade vencido. Diz ter tido, mais de uma vez, vontade de queimá-las no lixo durante aquelas faxinas forçadas de escritório. Entretando, percebeu que poderia alegrar o povão, se convertendo a "gari da semântica". Passou a colecionar expressões como "escola da vida", "origem humilde" e "escória humana" que poderiam ser bem utilizadas nos programas da tevê aberta do páis.




    No prefácio do livro, o autor cita a idéia da socióloga  e cientista política alemã Hannah Arendt: "Clichês, frases feitas, adesão a códigos de expressão e conduta convencionais e padronizados têm a função socialmente reconhecida de proteger-nos da realidade (...)

    Obcecado pela funcionalidade da linguagem, Werneck revela que sua padroeira é Xerezade, a contadora de histórias de Mil e Uma Noites, cuja capacidade de invenção lhe garantiu a sobrevivência. É tudo o que a nova geração da internet não consegue. "Há uma certa uniformização da linguagem que me preocupa", observa.
     O objetivo da obra, além de divertir o leitor, é fazer com que o mesmo consiga perceber a importancia de se criar textos sem pretenções,  mesmo porque obras recheados de frases prontas transformam o escritor numa máquina copiadora e seu leitor, num medíocre e preguiçoso receptor.

     Bem, se você vestiu a carapuça, muito bem. Agora, levanta essa bola e sacode a poeira por que esse livro é babado e confusão rs...

Abaixo, uma lista dos mais usados:

A: Abraçar uma causa
B: Bêbado inveterado
C: Chutar cachorro morto
D: Design arrojado
E: Estofo moral
F: Fase negra
G: Golpe de mestre
H: Herança maldita
I: llustre desconhecido
J: Jovem de espírito
L: Língua viperina
M: Mãe só tem uma
N: Notícia bombástica
O: Os ossos do ofício
P: Perfume inebriante
Q: Queda vertiginosa
R: Ritmo contagiante
S: Selva de pedra
T: Torrão natal
U: Useiro e vezeiro
V: Vida pregressa
X: O X da questão
W: Ter o seu Waterloo
Z: Zona do agrião

*O Pai dos Burros. De Humberto Werneck. Arquipelágo Editorial. 208 págs. R$ 29. Livraria Saraiva.

4 comentários:

  1. Olhaaa, o livro deve ser bem interessante... Tomara que o autor não seja daqueles mal humorados que só ficam criticando os usos e desusos da língua.

    Adoro frases feitas, elas guardam em si um quê de sabedoria que quando empregadas em uma situação propícia podem fazer aquela luzinha acender e ZAPT! Temos um insight!

    Já vou adicionar à minha lista de desejos, valeu pela dica, hehehe

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  2. Gostei da dica, o livro parece ser bem interessante.
    Bjs

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  3. Mas achei que o nome era Xerazade...
    Xerezade??unnn.......sei la
    Mas é interessantíssimo esse livro,e eu sempre digo que estou passando por uma (fase negra)auhauhauh

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  4. Gostei, vc escreve bem, acho q deveria investir nesta carreira, mas para que eu tenho que saber a historia do vibrador? rsrsrsrs monique

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